Por Sérgio Oliveira
As primeiras marchas da Igreja Batista em São José do Calçado, no sul do estado, aconteceram no final da década de 20, no século passado. De acordo com documentos, Pedro Eusébio da Costa, esposa, filhos e outros que residiam na comunidade do Goiabal, próximo a São José do Calçado foram os pioneiros na difusão da doutrina Batista.
Em 1927, firmes na fé, os citados pioneiros apoiados pela igreja Batista em Conceição do Muqui fundaram a Congregação Batista da Comunidade do Goiabal. Com um tempo, mais tarde, resultou na Igreja Batista em Barra do Bonsucesso, centrada no Goiabal. No ano de 1934, um grupo de Batistas filiados à igreja Batista em Alegre (ES) estabeleceu no Córrego do Pavão a congregação Batista do Pavão. O mencionado grupo que se reuniu em 1937, em uma casa alquilada teve as preces ouvidas por confiar em Deus, pois como respostas às orações conseguiu edificar uma casa de madeira para realizar as assembléias.
Literalmente os anos passaram como a marcha de outono. O trabalho dos pioneiro-evangelizadores cresceu a ponto de em 1939 as duas congregações, Goiabal e Vila do Pavão se reunir no dia 28 de janeiro de 1939 à igreja Batista em Barra do Bonsucesso, no Goiabal, e a Congregação Batista no Pavão passou a pertencer à igreja do Goiabal.
O templo Batista na Comunidade do Goiabal arrolou como seus membros fundadores de um grupo de 27 irmãos, sendo 13 pertencentes à sede e 14 pertencentes à congregação. Em tal acontecimento o Pastor Carlos Leiman assumiu como pastor itinerante. O mesmo fundamentou sua mensagem no texto bíblico de João 13:35 – “ Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. Formou-se a primeira diretoria que foi composta por Francisco Lopes Barbosa (Vice-moderador), Nilo Cândido da Silva (Secretário), pelos diáconos Francisco Lopes Barbosa, Joaquim Alves Cardoso e Nilo Candido da Silva, além do Superintendente da Congregação no Pavão, Sebastião Lopes da Silva. No dia seguinte foram realizadas as primeiras profissões de fé e batismos dos irmãos em Cristo Julia Colodino e João Nogueira.
No mesmo ano, meses após a organização a igreja Batista em Barra do Bonsucesso iniciou o processo de instituir as suas respectivas organizações: Sociedade de Mulheres, Sociedade de Homens e Sociedade das Crianças. Anos mais tarde, em 1940, surgiu a União da Mocidade Batista, Sociedades de Moças (1947) e a Classe dos rapazes (1948), tendo por lema “Lutadores por Cristo”.
Com a venda da propriedade de Pedro Eusébio, em 1940, além da mudança de muitos ‘irmãos’ do local a Congregação do Pavão passou a sede com a denominação de Igreja Batista em Alto Calçado. Ao final do ano de 1943 encetou em São Benedito (Alto Calçado) um ponto de Pregação e três anos mais tarde, em 1946, foi construída uma casa para a realização dos cultos no referido lugar, sendo instituído em São Benedito uma congregação. Em 1952 a sede foi transferida da Vila do Pavão para São Benedito, onde em 1956 o templo foi erguido.
Década a década, a cada dia Deus acrescentava aos pioneiros batistas mais forças. O trabalho Batista não se limitou exclusivamente em Alto Calçado. Com as bênçãos do Senhor Deus e os afazeres abnegados dos irmãos apostólicos a ampliação foi tamanha que chegou à sede do municipio de São José do Calçado.
Foi criado em 1954 um ponto de pregação em São José do Calçado. Surgiu no mesmo ano a Congregação Batista em Calçado. Por muitos anos os cultos eram realizados em locais alugados. O primeiro local foi em uma casa no Bairro Moacir Garcia, passando a ser reunir depois em uma casa na Rua Domingos Martins, quando foi adquirido o terreno na Rua Henrique Coutinho (Morro do Querosene), que em Sessão do dia 23 de julho de 1967 aprovou o plano de construção de um Templo, elegeu a comissão responsável pela construção e também aprovou as campanhas que seriam promovidas para a arrecadação de fundos, entre elas a aquisição de um Livro de Ouro.
No dia 2 de junho de 1968 foi lançada a pedra fundamental do futuro templo Batista em São José do Calçado. Naquela oportunidade a solenidade contou com a presença dos membros Batistas, o vice-prefeito, o Juiz de Direito, o Coordenador da Mobilização Cívica contra o Analfabetismo, o Gerente do banco da Lavoura de Minas Gerais, membros da Igreja Presbiteriana local e seu pastor reverendo Itamar de Oliveira Rodrigues e o conjunto Coral que cantou na solenidade, além de representantes da Assembléia de Deus local e membros da Igreja Batista em Bom Jesus do Itabapoana (RJ).
O preletor foi o pastor Otoni Francisco de Faria da Igreja Batista em Bom Jesus do Itabapoana, o qual fez à leitura bíblica dos primeiros versículos de Jeremias no capítulo 7. No ato do lançamento da pedra fundamental a igreja Batista em Alto Calçado tinha em seu rol de membros 66 pessoas arroladas.
Em 29 de novembro de 1970 foi aprovado de forma unâmine a transferência da sede em Alto Calçado para a cidade de São José do Calçado, passando a ser designada Igreja Batista em São José do Calçado. A partir desde data vêm sendo um farol a iluminar e uma ponte a levar almas até o Senhor Jesus.
Muitos foram os obreiros que atuaram valorosamente para que a mensagem do plano da salvação fosse apresentada ao povo calçadense e entre eles podemos citar:
Pr. Carlos Leiman (28/01/1939 a 31/12/1941)
Pr. Manoel de Farias (12/01/1942 a 31/01/1943)
Pr. Adelmo dos Santos Coelho (24/08/1947 a 29/08/1948)
Pr. Anadir Rodrigues de Souza (28/03/1954 a 02/08/1959).
Pr. Valvique Soares Henriques (14/02/1960 a 25/12/1960).
Pr. Deodor Taets (24/03/1963 a 21/11/1965).
Pr. Enérito Lourenço Barbosa (19/12/1965 a 21/06/1970).
Pr. Vicente Lucas de Siqueira (01/01/1971 a 02/01/1972).
Pr. Fernando Guimarães Batista (02/04/1972 a 28/02/1977).
Pr. Elizio Matos (13/03/1977 a 25/05/1980).
Pr. Moises Antonio Alves (27/07/1980 a 25/07/1983).
Pr. Manuel Peregrina (25/07/1983 a 14/05/1994).
Pr. Cleber Montes Moreira (25/07/1994 a 28/02/ 1999).
Pr. Eduardo Ferreira de Souza (01/04/1999 a 10/02/2000).
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Pr Reginaldo Raposo
Pr. Reginaldo da Silva Raposo (11/02/00 a 11/01/2007). |
Pr. Sérgio Pereira de Souza (19/08/2007 a 18/04/2011)
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Pr Sérgio Pereira |
Pr. Carlos Augusto Cunha de Oliveira - Interino (12/06/2011) até o dia presente.
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Carlos Augusto |
Já foram lidas 868 atas (última em 04//3/ 2012).
Ao longo dessa caminhada de 73 anos a igreja Batista em São José do Calçado sempre esteve atenta ao ‘Ide de Jesus’, sempre proclamando a mensagem de salvação que é só em Jesus. Muitos pontos de pregação foram iniciados e embora alguns não tenham firmado o importante é que a mensagem foi anunciada.
Em 193 foi criado um Ponto de Pregação no Córrego do Jacá.
. Em 1955 foi criado um Ponto de Pregação na Fazenda Velha.
. Em 1956 foram criados os Pontos de Pregação no Córrego Grande e no Desengano.
. Em dezembro de 1956 um trabalho Batista foi iniciado em Airituba.
No ano de 2004 o trabalho Batista no Patrimônio do Divino do Espírito Santo (Jacá) retornou. Muitos cultos foram realizados, entre eles, o Culto de Inauguração do Ponto de Pregação, Escola Bíblica de Férias, Evangelismo Pessoal e outros. Mas de acordo com os desígnios de Deus, no ano de 2007 mais uma vez a obra do Senhor foi interrompida e os trabalhos foram interrompidos.
Em 1995 novos trabalhos batistas voltaram a ser realizados em Airituba. A principio a primeira reunião se deu na garagem da casa de João Dionísio. Depois as reuniões aconteceram na casas alugadas do Brás e João Luiz Simões, fixando de vez mais tarde no Templo que foi construído e concretizado no dia 11 de março de 2001.
A igreja Batista em São José do Calçado diz que “Se não é para anunciar o evangelho não há razão para nossa existência. Por isso anunciam dentro e fora do templo. São 73 anos fazendo missões, desde a fundação contribuindo para missões estaduais, nacionais e mundiais. Sustentar missionários sempre foi a meta Batista, orando e contribuindo para a propagação do evangelho a todas as nações”.
Atualmente o rol de membros da Igreja Batista local é composta por 125 membros. O trabalho a cada dia cresce mais, pois as organizações se dedicam continuamente à obra do Senhor. A Mulher Cristã em Ação (MCA), ao longo de mais de 7 décadas vem honrado seus compromissos com Deus. A Embaixada “Manoel Peregrino” sempre dissemina a palavra aos meninos do nosso municipio.
Vale ressaltar que cada vez mais à atuação e repercussão feminina. As Mensageiras do Rei organização filha da MCA sempre desempenhou papel importante no anuncio do Evangelho entre as meninas do nosso municipio. A JCA (Jovem Cristã em Ação) instrui e anuncia as jovens que só em Jesus há salvação. E como não podia deixar de ser “Como crianças é que queremos ser” então a cada dia os batistas se empenha sempre mais, semeando a preciosa palavra de salvação entre os pequeninos, de maneira dinâmica e criativa despertando desde cedo o interesse pelos ensinamentos de Deus.
Na visão dos membros Batistas Jesus é o verdadeiro comandante. Fortalecem ainda que não rocha estão firmados, fazendo parte do reino que é inabalável. Como disse o pastor Carlos Leimam no dia 28 de janeiro de 1939 baseado no versículo 35 de João 13 “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. São nesses ensinamentos que os Batistas de São José do Calçado têm procurado andar ao longo desses 73 anos.
Primeiro Tijolo
As ferramentas usadas na construção do Templo Batista em São José do Calçado são relíquias BEM guardadas em algum lugar da cidade de Bom Jesus do Itabapoana (RJ). Serrotes, arco de pua; tarraxa de fazer rosca no cano; arco de serra; esquadro; caixote de cedro; pé de cabra e martelo, todos bem conservados.
Conforme, Josefino a caixa de cedro tem mais de 80 anos e pertenceu a seu pai. Já o arco de serra tem mais de 55 anos.
Em Bom Jesus do Itabapoana, no estado do Rio de Janeiro, cidade situada às margens do Rio Itabapoana e que tem uma área de 599,4 km² e uma população aproximada de 34 mil habitantes, o pedreiro Josefino de Azevedo, 83 anos, pedreiro que em 1968 levantou o primeiro tijolo da Igreja Batista em São José do Calçado, abriu seu coração e seu baú de ferramentas para contar um pouco sobre sua trajetória na caminha Batista e vida profissional.
Na foto, o ex-prefeito de São José do Calçado, saudoso José Borges de Almeida, o homem que escreveu seu nome na politica calçadense e Josefino mostrando o arco de serra que foi vendido pelo ex- politico José Borges que morreu vitimado por um infarto fulminante em 14 de agosto de 1982.
Josefino relata que nasceu em Alto Calçado, distrito de São José do Calçado no dia 4 setembro de 1928, e que antes de pegar habilidade com a colher de pedreiro, aventurou-se na lida do café e foi sapateiro, encerrando a carreira de pedreiro aos 74 anos.
O pedreiro exibindo o prumo usado em 1968, na construção do Templo Batista em São José do Calçado
Bíblia nas mãos
Com 55 anos de casado o pedreiro que todos os dias ‘raiando o sol’, junto com os galos cantando, antes de sair da cama lê a bíblia durante 60 minutos, articula que quando tinha 16 para 17 anos tornou-se evangelho.
“Vivo feliz com a minha esposa Onedina Escramozine de Azevedo. Ela nasceu em 1º de janeiro de 1940, na Vila do Café (Alegre-ES), todavia foi registrada em março de 1941. Então, tem dois ‘aniversários’. Minha esposa se tornou evangélica quando tinha 15 anos”, contou.
O pedreiro aposentado proferiu que em seus tempos de joão-de-barro - pedreiro trabalhava apenas com um ajudante de pedreiro, pois era sério e nunca gostou de enrolar com a obra.
”Outros pedreiros na cidade trabalhavam com até três assistentes. Sempre trabalhei com um servente. Ainda assim, terminava a obra junto com eles”, ressalvou, assegurando que ininterruptamente foi bem-aventurado, tendo orgulho de ter construído uma bela família.
Ele, que é pai de cinco filhos - Elias de Azevedo (48), João Sérico de Azevedo (53), Samuel de Azevedo (49), Gideão de Azevedo (43) e Paulo Alicio de Azevedo (42), descreve que todos seus filhos são evangélicos, exceto João Sérico que se afastou da igreja.
“Ganhei belos netos - Anderson, Andresa; Alessandra; Taynara e Mateus e, mais dois bisnetos - João Pedro e Annie”, pontuou.
O ex-pedreiro com saudades exibiu as ferramentas usadas em 1968 para construir o templo Batista que fica localizado à Rua Henrique Coutinho, em São José do Calçado, ferramentas como serrotes, o arco de pua; tarraxa de fazer rosca no cano; arco de serra; esquadro; caixote de cedro; pé de cabra e martelo.
“Comprei o arco de serra quando era solteiro, em uma loja do falecido José Borges de Almeida (*14/11/1927 - + 14/08/1982), ex - prefeito de São José do Calçado", esclarece.
Concluindo, revela que guarda saudades dos tempos de pedreiro, e que quando observa um pedreiro fazendo uma casa, sente vontade de parar e observar o serviço, mas com medo de ser reprimido pelo a pessoa que está na ativa, ‘passa direito’.
Arquitetando
Na foto: José Feliciano (falecido), a costureira aposentada Ana Maria e o Templo Batista atual.
Na cidade entre Montanhas, poetas e flores - São José do Calçado a costureira aposentada Ana Maria de Oliveira, 64 anos, articulou que em 1967, após a morte de seu pai, José Feliciano de Oliveira - Cazuza conhecido consertador de sanfonas e oleiro do município, sua família resolveu vender uma parte do terreno para os membros da igreja Batista.
- Em 1967, meu pai foi passear em Petrópolis (RJ). Chegando lá se machucou e teve um tétano fatal que o matou aos 73 anos. Um ano depois vendemos uma parte do terreno de minha família para os membros da Igreja Batista-, disse.
De acordo com a aposentada, Josefino era um pedreiro primoroso, ligeiro e fiel às suas obras.
“Lembro-me que certa vez, por pouco, um martelo não atingiu minha cabeça. Fui passar perto da obra e o martelo se soltou das mãos dele”, rememorou, dizendo que Josefino consecutivamente foi muito dedicado à igreja.
Copa de 78
O reencontro da aposentada Ana Maria e o ex-pedreiro que se mudou de Calçado em 1978.
Em um sábado de 29 de janeiro de 2011, após muitos anos, Josefino e a costureira aposentada reencontraram-se. Josefino que se mudou para Bom Jesus do Itabapoana (RJ), em dezembro de 1978, ano que a Argentina ganhou a Copa do Mundo dentro de seu próprio país, esbanjando saúde, relembrou da obra e do martelo que por pouco não acertou a cabeça da costureira.
-É, foi por pouco mesmo. Quase que a acertei. Bom, eu era rápido com as obras-, rematou.
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